Bordar também é Feminismo!

Eu não entendo como na ficção de época, as mulheres que realmente gostam de costurar/bordar são sempre pintadas como personagens fracas, chatas e antifeministas.

Chimamanda Ngozi Adichie fala, em seu livro Sejamos todos feministas, que “o problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas de gênero”.

Entendemos, portanto, que o problema não está em costurar e bordar, e sim no fato de que esse papel era feito por mulheres (ainda é, em sua maioria) e, por isso, é considerado “feminino” e “inferior”.

Mas pensa comigo… Costurar e bordar exigem habilidade, paciência e talento artístico. Nos séculos passados, também era a melhor maneira de ignorar os homens irritantes em sua vida. Quem não se lembra da Celina de “Chocolate com Pimenta”, que adiou a noite de núpcias até conseguir descasar só por causa de um bordado?

Mais que um movimento político, o feminismo deveria se apresentar para quebrar os paradigmas e buscar mudanças. Carla Cristina Garcia, em Breve história do feminismo, diz que o feminismo “ressalta as tensões e contradições que encerram todos esses discursos que intencionalmente confundem o masculino com o universal”, demonstrando que, de novo, o problema não é fazer uma atividade considerada feminina, mas acreditar que as atividades consideradas masculinas são melhores e mais importantes.

Antigamente, as mulheres não só se reuniam o tempo todo para costurar, tecer e bordar, mas também para conversar, fofocar, ajudar no trabalho umas das outras e desfrutar da companhia umas das outras em paz.

Levando tudo isso em consideração, amados(as) escritores(as) de ficção histórica, vamos lembrar que a habilidade que a personagem feminina tem não precisa ser a luta de espadas para ela ser forte, porque há força e poder em qualquer habilidade que ela tenha, basta que a use do jeito certo.